Gestos Naturais

É impressionante como ações absolutamente intuitivas do nosso dia-a-dia tornam-se complexas ao extremo quando ficamos tensos. Uma das coisas mais comuns é ver pessoas extremamente desconfortáveis com suas mãos, braços e pernas quando começam a desenvolver um estudo aprofundado sobre comunicação pessoal. Aí, então, as clássicas perguntas: “O que eu faço com as mãos?”, “Posso mexer os braços à vontade?”, “Posso andar quando falo ou é mais adequado ficar parado?”. Bem, se você respondeu, sim... acertou! Agora, se respondeu não... acertou, também! A melhor resposta para todas essas perguntas é... talvez! Sim, talvez.
Nesse caso, “talvez” não é uma resposta que reflete indecisão, mas demonstra o quanto somos livres para agir de acordo com o significado da mensagem que transmitimos e o efeito que desejamos causar com ela. “Talvez” ilustra que cada um de nós tem o direito de interpretar suas idéias ou qualquer fato de acordo com sua própria emoção, sua verdade, e essa será ferramenta ideal de trabalho: a autenticidade, nunca a máscara.
Digo sempre que o que nos faz únicos é justamente a somatória de cada detalhe, de tudo o que pensamos e a forma como agimos. O interessante é que muitas vezes pessoas dotadas grande capacidade em determinadas áreas não conseguem se expressar à altura de seus talentos e muito disso se deve a sua linguagem corporal. Gestual em desacordo com a mensagem cria um conflito de informações para o público, causando mal entendimento, desconforto visual e, consequentemente, desinteresse pelo que é dito. Isso significa que conhecer muito bem determinado assunto, isso não é o suficiente para obter sucesso na comunicação quando falamos de exposição pública. Para resolver isso é preciso um estudo dedicado, um mergulho profundo em seu próprio universo.
Grande parte do dia, e todos os dias, falamos com outras pessoas e gesticulamos, cada um a seu modo, com absoluta naturalidade. Quando conversamos com um amigo no trabalho, por exemplo, não estamos prestando atenção alguma em nossas mãos, braços ou pernas, e a conversa, normalmente, tem boa fluência. Nossa concentração está quase que totalmente no assunto, e nossos movimentos ilustram, complementam, enfatizam a idéia, ou seja, são harmoniosos com nosso discurso e com nossa personalidade também. Somos nós mesmos naquele momento. Isso faz com que aquele ato de comunicação se torne natural e, não vemos dificuldade nisso.
A preocupação excessiva com o gestual é o que impede a harmonia dos movimentos, e por sua vez das idéias. Isso nos vai deixando cada vez mais inseguros e deslocados. Essas sensações começam a ocupar ainda mais espaço em nossa mente. Claro que tamanha inquietação só atrapalhará, e muito, nosso raciocínio sobre o tema que abordamos, comprometendo consideravelmente nossa apresentação.
É fundamental considerar, antes de mais nada, seu comportamento natural no que diz respeito à forma com que seu corpo se comunica. Provavelmente não há nada de errado com ela. O que você precisa fazer enquanto se esta apresentando é apenas parar de pensar em seu corpo e se dedicar integralmente ao teor da mensagem e às necessidades de seu público. Acreditando que isso seja o mais importante naquele momento, você simplesmente esquecerá que possui braços, mãos e pernas e suas emoções, em harmonia com o assunto, o guiarão de forma espetacular, confie. Faça um teste. Caminhe cem metros descrevendo detalhadamente cada um dos movimentos do seu pé, tornozelos, joelhos, braços e mãos simultaneamente a sua caminhada. Não é preciso falar, apenas pense neles. Então, comece a cantar uma música simples como Parabéns a você, mas sem se desligar da narrativa interna dos movimentos de suas pernas e braços. Bem, acho que não é preciso realizar essa experiência de fato para saber que o resultado será uma catástrofe, podendo até mesmo resultar em um tombo, tropeção ou choque com o poste mais próximo. Isso é o que você faz quando pensa quem seus gestos durante uma apresentação pública. Quem, além de você mesmo, pode mudar isso?
Compreendida essa etapa, você agora pode querer lapidar seu gestual, tirar algumas manias, enriquecer sua linguagem visual, e isso é muito bom, claro. Nesse caso, é preciso pensar em 2 etapas distintas: treino e atuação. Falarei sobre isso na próxima dica.

Delphis Fonseca
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Domine Seus Pensamentos

É muito comum as pessoas se sentirem inseguras no momento em que recebem um convite – às vezes uma incumbência – para falar a um grupo de pessoas. E quanto maior o grupo, proporcionalmente cresce o nível de tensão.

São várias as preocupações. Em mais de 25 anos de trabalho treinando pessoas para se apresentar no rádio, na televisão e em palcos, como palestrantes, ouço muito: “Tenho pavor de me dar ‘branco”, “Fico com receio do que as outras pessoas vão achar de mim”, “Não sei o que faço com as mãos” e por aí vai. São preocupações naturais que podem e devem ser eliminadas através de treinamento. Mas por onde começar a treinar? Pelos seus pensamentos, sem dúvida.
Veja que quando você se preocupa com o que os outros vão pensar a seu respeito está alimentando algo que pode comprometer o sucesso de qualquer processo de comunicação, sob vários aspectos. Um deles diz respeito ao fato de que toda preocupação tende a crescer muito rapidamente se não nos dermos conta dela, tornando-se fator dominante em nossa mente. E toda preocupação se origina do que chamo de “contraste”, ou seja, ela gera imagens mentais opostas a tudo o que você se propõe a alcançar, projeta o seu fracasso imaginário. Ela é uma energia que criada por você mesmo e que pode desequilibrá-lo emocionalmente, sabotar seus objetivos aos poucos. Essa é a base de toda preocupação.

Enganam-se – consciente ou inconscientemente – aqueles que a justificam como algo que denota responsabilidade quanto aos seus compromissos. Quando temos muitos afazeres, obrigações, é certo que devemos nos dedicar a eles, claro. Como quem tem consciência do que deve ser feito. Isso é necessário. Porém, temos de nos concentrar em nossos objetivos com firmeza e isso não deve ser chamado de preocupação, mas foco. Deixar que foco se transforme em preocupação é, de certa forma, irresponsabilidade, pois, põe em risco o resultado que é preciso ser alcançado. Substitua a preocupação pela concentração. Uma é o oposto da outra. Concentrados potencializamos nossas capacidades e buscamos em nós mesmos, no universo, tudo aquilo de que precisamos para chegar onde queremos, criamos uma visão interior do objetivo cumprido e nada mais. Se assim estiver definido dentro de você, assim será.
Pense comigo, se há algo no mundo que ninguém, além de você mesmo pode controlar são seus próprios pensamentos. Você é livre para pensar o que quiser. Sendo assim, porque não pensar o melhor para você? Porque não imaginar que as pessoas vão aprovar sua apresentação, se emocionar com suas histórias, tirar o máximo proveito de todos os conhecimentos que você organizou para levar até elas? Penso que agir assim seja uma decisão sábia. Reforçar pensamentos dessa natureza o fará sentir-se mais relaxado, mais consciente de seu papel e, claro, seguro o bastante para transmitir credibilidade ao público que lhe acompanha. Adianto, que, ainda que lhe pareça difícil, treine seus pensamentos para que eles trabalhem em seu benefício. Apague hábitos perniciosos ao seu crescimento e comece agora.
Outro ponto fundamental é o nosso público que fica de fora nos assistindo enquanto estamos muito ocupados conosco em nosso diálogo interno. Não devemos nos dividir com outros assuntos que não sejam pertinentes ao tema sobre o qual falamos e, diga-se de passagem, nossas preocupações particulares não dizem respeito a nossa audiência. Não levar isso em conta é desrespeitar todas aquelas pessoas que estão diante de você para ouvir algo esclarecedor e nada além disso. Preocupações excessivas da parte de quem comunica algo tornam o desenvolvimento do tema “amarrado”, desagradável e confuso, sem conseguir despertar o mínimo grau de interesse por parte da audiência. Esse estado emocional vai se agravando a medida que nos damos conta desse quadro, e revertê-lo se torna cada vez mais difícil, sobretudo quando não se tem conhecimento do processo.
A explicação é bastante simples. Não devemos nos dividir enquanto transmitimos algo, pois isso faz com que uma parte importante de nossa atenção – muitas vezes a maior parte dela – fique dedicada a fatores irrelevantes à nossa apresentação. Isso faz com que processo tenha um resultado insatisfatório para o púbico.
A partir de agora passe a apresentar palestras, programas de TV, de rádio ou o que for, aí mesmo na sua casa. Defina um tema, estude-o, crie um modelo de apresentação e faça seu trabalho. Você pode falar em voz alta, ou até em pensamento. Sim, na imaginação. Crie situações mentais mais próximas do real possível. Enfrente-as, vivencie-as emocionalmente, protagonize cada uma delas visualizando seu sucesso com a maior riqueza de detalhes que puder. Fazendo esse exercício constantemente você estará amadurecendo seu equilíbrio emocional e construindo o comunicador que deseja ser.
Caso você já enfrentado uma situação dessas antes sem o êxito esperado, entenda que isso é passado e não tem poder algum sobre sua vida hoje. Comece já a mudar essa história.


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Amiga Câmera

Todos somos comunicadores em essência. Nas cavernas, através de desenhos rudimentares, o homem já demonstrava o desejo de se comunicar com seus semelhantes. Milhões de anos depois foram criadas as câmeras que hoje se democratizaram e invadiram lares e empresas por todo o mundo possibilitando a comunicação com eficácia e praticamente sem limites. Mais do que uma possibilidade, elas se tornaram uma necessidade do mundo moderno, seja para pessoas ou empresas, onde a comunicação se mostra cada vez mais como é, aliás, como sempre foi: o ponto originário do sucesso de todas as ações no planeta.

Desde que surgiram as primeiras câmeras de vídeo, pouquíssimas pessoas se aprimoraram na arte de utilizá-las. Quem fez isso virou apresentador de televisão, ator ou se tornou um profissional bem sucedido de outras áreas, pois soube multiplicar seus talentos aproveitando as oportunidades que os veículos de comunicação de massa propiciam para divulgar suas idéias. Contudo, a maioria, até hoje, quando se vê em uma situação de confronto com um desses maravilhosos equipamentos, prefere usar a expressão “tenho medo de câmera!”, ou simplesmente “não gosto delas” – o que significa “tenho medo de câmera, mas não tenho coragem de assumir”. Com isso, recuam diante da oportunidade de lidar com essa situação, ou avançam com hesitação. O resultado é que todo o conhecimento que poderiam dividir com muitas pessoas simultaneamente fica transfigurado, abafado, ou até mesmo calado. Tudo por um limite que é imposto por ninguém mais, além delas mesmas.

É sempre bom lembrar que o que nos torna vencedores e nos traz a verdadeira felicidade interior - também nos âmbitos pessoal e profissional - é a superação de nossas limitações temporárias, imaginárias. Portanto, não faça como o avestruz que enterra sua cabeça como se aquilo fosse livrá-lo de uma situação difícil, ou eliminá-la de seu caminho. Se a oportunidade de se comunicar para centenas, milhares ou até milhões de pessoas, surgiu no seu caminho, desperdiçá-la, seguramente, não fará bem para você. Nem para sua empresa. Resolva essa questão de uma vez por todas.

É importante reforçarmos: uma câmera é um objeto inanimado, portanto, não tem a capacidade de lhe atingir de forma alguma. A única agressão que pode ocorrer – e essa é frequente e grave – é a psicológica, que você mesmo pode provocar. Uma espécie de autoflagelo. Câmeras não podem criticar, condenar, ameaçar ou inibir você. Se tiver alguns desses sentimentos diante delas, é preciso saber que é você quem está deixando que essa situação se estabeleça. Essa projeção negativa que é produzida ocorre porque você fica preocupado com o que as pessoas que lhe assistem poderiam dizer. E as hipóteses que cria com relação a isso, comumente, são as mais trágicas possíveis, dignas de alguém que quisesse sabotar seu sucesso. Não é incrível que elas sejam originadas por você mesmo?

Fato é que, se você der espaço a pensamentos dessa natureza, eles conduzirão suas emoções a uma região bastante perigosa, e seu comportamento corresponderá á tudo isso. Seu público, então, será conduzido exatamente até esse “lugar” sombrio. A reprovação e a crítica passarão a existir, conforme você acreditou, bem antes deles. Você comprou essa idéia de si mesmo e a tornou real.
Tudo no mundo surge a partir de uma idéia e quanto maior for a energia que se aplicar nela, tão logo ela passará a existir. Nessa situação isso não é diferente.

Mude essa história já. Quando estiver diante de câmeras aja com a certeza de ter uma boa mensagem a oferecer. Com isso aquelas pessoas que o assistem só podem estar admirando sua presença, aproveitando seus conhecimentos, vibrando por aquela oportunidade de aprendizado, torcendo por você. Porque agir de forma contrária? Seja o maior aliado de si mesmo, em benefício de seu público também, pois, de outra forma sua apresentação não será boa e ele pouco proveito tirará dela. Essa é uma decisão, no mínimo, inteligente. Isso lhe transmitirá uma força indescritível e tornará seu comportamento seguro e impactante à medida que for solidificando esse entendimento. Seus pensamentos fluirão com naturalidade, tornando suas idéias cristalinas. Agindo assim você faz com que o “fantasma” deixe de existir, simplesmente porque para de alimentá-lo. Essa atitude mental lhe proporcionará credibilidade, o elemento pessoal mais importante para quem se comunica com outras pessoas.

Esqueça a câmera. Lembre-se: você não fala para câmeras, isso seria um desperdício ou até mesmo insanidade. Você fala para seres humanos, para gente. Visualize uma pessoa à sua frente, apenas uma é o suficiente. Projete quem quiser ali, alguém que deseja ver você crescer, prosperar. Alguém que aprecia seu trabalho e sua forma de pensar, uma pessoa verdadeiramente amiga. Olhe firme bem no centro da lente, como se estivesse olhando para os olhos dessa pessoa. Esse exercício deve ser repetido ao menos 1 vez todos os dias e pode ser feito com ou sem câmera, bastando realizar essa projeção para onde for e caprichar na clareza, na fluência e no desejo real de transmitir aquilo que sabe.
Quando você estiver falando como fala para um amigo, com o mesmo carinho, respeito e desprendimento. Quando for capaz de emanar verdadeiro interesse em vê-lo crescer através de sua mensagem, então, você estará cativando de fato sua audiência. Receberá em troca a atenção pura, e se transformará no único ponto de interesse de seu público naquele momento, como deve ser.

Delphis Fonseca
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